segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Asma.Bronquite


Doenças possuem causas e sintomas distintos, embora sejam freqüentemente confundidas pelo público


Estabelecer a diferença entre doenças nem sempre é fácil, especialmente quando se trata de asma e bronquite. Não raramente, os dois problemas de saúde são taxados como o mesmo problema por quem não é médico. No entanto, eles são bem diferentes entre si e necessitam de tratamentos específicos, diz o pneumologista Amir Szklo, coordenador do Setor de Broncoscopia do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Na maioria das vezes, o leigo chama a asma de bronquite. Ele confunde as duas doenças e fala até em bronquite asmática. Este equívoco acontece porque os sintomas principais de ambas são semelhantes, como tosse, falta de ar e, principalmente, chiado no peito", afirma.

Para dar fim à confusão, Szklo esclarece as diferenças entre os dois problemas de saúde. Segundo o pneumologista, a bronquite está geralmente relacionada ao uso de tabaco e se carateriza pelo que os médicos chamam de tosse produtiva, ou seja, produção de muito catarro na maior parte do ano. Já a asma é mais freqüente, dificilmente envolve produção de catarro durante as crises (às vezes, nem nestas ocasiões) e, dependendo da gravidade, pode acarretar déficit de crescimento.

Outra diferença crucial é a causa da asma, associada a fatores genéticos. "O gene está lá, mesmo que não cause asma no inicio da vida. A qualquer momento, ele pode ser 'ligado' e desencadear os sintomas da doença", explica Amir Szklo. De acordo com o médico, este gene tem um comportamento peculiar: pode se "desligar" sem motivo aparente na adolescência, sem que o paciente volte a apresentar os sintomas, ou ser reativado anos depois, dando origem a novas crises. "Esta situação costuma ocorrer, por exemplo, com mulheres que tiveram a última crise quando crianças e passam a sentir novamente os sintomas quando engravidam", diz.

Há também casos em que os fatores que desencadeiam a ativação estão ligados a situações de profundo estresse. Por isso, alguns pacientes dizem ter ´asma emocional`. Outros pacientes nascem sem sintomas da doença que vai se manifestar apenas na fase adulta. "Estas características do gene da asma deram à doença uma variedade de tratamentos exóticos e esotéricos, como garrafadas e benzedeiras. Como o gene às vezes 'desliga', o paciente acha que foi curado por métodos comprovadamente ineficazes", alerta Szklo.

Se por um lado, asma e bronquite guardam diferenças, por outro guardam importante semelhança: necessitam ser acompanhadas por um pediatra, no caso das crianças, ou por um pneumologista, para adultos. "A asma mata muito mais do que as pessoas pensam. O fumo deve ser abolido, pois é praticamente uma tentativa de suicídio. A forma mais eficaz de controlar a doença é o uso inalatório de broncodilatadores de longa duração e corticosteróides. Estes são indispensáveis e não causam os efeitos colaterais comuns aos corticoides orais e/ou injetáveis, como aumento de peso, osteoporose e retenção de líquidos. Portanto, podem ser usados por períodos prolongados, às vezes por toda vida", diz Szklo.

Entre os outros tratamentos disponíveis, estão as xantinas (medicações antigas bem menos eficazes, mas de baixo custo), os bloqueadores de leucotrienos (mais eficazes em crianças, porém de custo elevado) e as bombinhas em spray. "Estas devem ser usadas no momento da crise, como paliativo. Na dose correta, não viciam nem fazem mal ao coração. Pacientes cardíacos devem usá-las com cuidado e sempre sob acompanhamento conjunto de um cardiologista", recomenda Amir Szklo. O pneumologista também ressalta que "vacinas não têm comprovação cientifica suficiente para serem indicadas como tratamento na asma".

O médico também destaca que "banho frio e natação não ajudam o asmático em nada. Esta é uma lenda urbana. A atividade física é salutar como um todo na vida do ser humano, mas deve ser praticada sob supervisão médica, no caso de asmáticos. Eles poderão ter crises se não tiverem a doença bem controlada". Para prevenir o problema, ele recomenda a retirada de qualquer objeto que seja um possível reservatório de poeira e de ácaros na casa de asmáticos, como tapetes, travesseiros de pena de ganso, brinquedos de pelúcia e animais domésticos, especialmente gatos. "O problema não é o pêlo, mas a saliva dele. Também é importante ter controle rigoroso sobre as baratas, pois as fezes são um ótimo alérgeno, que pode desencadear crises", revela.

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